segunda-feira, 30 de novembro de 2020

INQUIETUDES - Poesia de Celso Lopes

 F E M U P

55º Festival de Música e Poesia de Paranavaí e 52º Concurso Literário de Contos

 

F E M U P - 2020 55º Festival de Música e Poesia de Paranavaí 52º Concurso Literário de Contos

TRABALHOS SELECIONADOS CATEGORIA POESIA – FASE NACIONAL

TÍTULO AUTOR (a) CIDADE / UF - CERTA VEZ NOS TIRARAM GRANDES PEDAÇOS Thiago Henrique Santos de Medeiros Caruaru/PE - MISS PARANAGUÁ Antonio da Silva Pereira Neto Serra/ ES INQUIETUDES -  Celso Antonio Lopes da Silva São Paulo/ SP - O QUE NOS ABALA Ademir Barros dos Santos Sorocaba/SP - ORA, ORA, ORA... Geraldo trombin Americana/SP - NOVE ESPADAS Rodolfo Elias Minari Rio Branco/AC - O RENASCIDO Lilian Souza de Araújo Taubaté/SP - A CASA QUE ME HABITA André Telucazu Kondo Taubaté/SP - POEMA SOBRE UM SONETO DE PAULO BOMFIM Carlos Augusto de Almeida Três Rios/RJ


“INQUIETUDES...” 


Aprisionar o Tempo

e colocá-lo sobre a mesa de jantar.

Sorver dali, a magia de Ferran Adrià,

e servir a si mesmo a refeição completa,

desconstruindo o amargo e o doce paladar...

 Aprisionar o Tempo

e reaprender no gosto da saliva,

o indissolúvel elo entre o mel e o fel.

Sugar na mais profunda das moléculas,

o tempo da solidão e o tempo da cura.

 Aprisionar o Tempo

e sentir  todos os seus impulsos

numa cantiga de amigo e maldizer:

ora lágrimas, ora risos, ora rimas...

Construir  o DNA de um  novo olhar,

carente de todos os  versos  impuros.

Aprisionar o Tempo

e dizer e desdizer a mim mesmo

sobre a inquietude íntima das ostras...

Dialogar  no interior  de cada pérola,

a tessitura úmida das palavras mudas.

 Aprisionar o Tempo

e estender-lhe todos os desejos

circundados de  profunda paixão...

E só então libertá-lo (como a ti mesmo),

preso a um fraterno abraço que flutue,

e   voe, e voe , e voe,  infinitamente,

com os  pés presos ao chão!...

 Aprisionar o Tempo

e enxergar nele a onipresença 

do invisível, cantada num só verso.

Alcançá-lo  na  dimensão do real,

que  transforma  o avesso e o infinito...

E só então dominar  a sua  eterna fúria,

capaz de traduzir a existência e os sinais

urgentes que principiam nosso reencontro!...

 

 Celso Lopes