sexta-feira, 12 de março de 2021

O PULO DO RATO E OUTROS RELATOS - Crônicas de Celso Lopes

                  


 “O PULO DO RATO”                                                     

 Não, você não leu errado. Ainda que quem esteja à frente desse estrelato de habilidades seja o Gato,  com as suas 7 vidas ou por vezes até 9, de acordo com cultura local de países,  neste caso, o felino terá de ceder a vez  e a expertise para o Rato. É certo que  continuamos tratando aqui de Vida, onde os gatos seriam praticamente imbatíveis, seja pela proeza inimitável do seu pulo, seja pela imunidade à doenças ou mesmo pela narrativa  convincente das “sete vidas”; entretanto,  pasmem, resta a eles abrir espaço, pois o que está em jogo não é somente a Vida,  porém, a Vida eterna.    Isso mesmo.  A Vida eterna, garante o engenheiro formado pelo MIT e  futurólogo venezuelano,  José Luiz Cordeiro, está com os dias contados, quer dizer, em contagem regressiva  de uma  data  ou progressiva para alcançá-la  – à escolha de todos nós mortais. Ou seria melhor dizer – imortais? Apresentando dados que, por vezes, queremos crer que sejam mesmo verdadeiros, confiáveis, uma vez que respalda suas teorias sobre a Vida eterna em expoentes como o matemático David Wood (autor de A morte da morte), incluindo o biólogo e cientista David Sinclair, da Universidade de Harvard, Cordeiro ‘prega e bota fé’ no que chama de interrupção da velhice, afirmando:  “já temos novas tecnologias de reprogramação celular e estamos entre a última geração humana mortal e a primeira imortal”.  Quando  perguntado sobre os caminhos dessa viagem sem volta, saltam à tona, entre outros micro-organismos, as bactérias. “ Sabemos que há células e organismos que não envelhecem, como, por exemplo, as bactérias. Elas são as primeiras formas de vida no planeta”.  

“- Outro tipo de célula que se descobriu que não envelhece é a do câncer” – acrescenta enfático:  “(...) Esse é o problema do câncer, ele não envelhece e por isso é preciso matar todas as células cancerosas porque, se deixar uma sobrevivente, elas voltam a se reproduzir”.  No rol desse esquadrão de “eliminadores do Gato”,  entram nomes de peso, como por exemplo, a Microsoft:  “ Depois do sequenciamento do genoma humano, conseguimos entender, por exemplo, que o câncer é uma mutação para se manter jovem”.   Cordeiro garante que a cura virá por aí:  “Não foi uma companhia médica ou farmacêutica que falou isso (cura do câncer), mas a Microsoft, porque o câncer é um problema computacional, não um problema médico. Podemos encontrar as mutações que geraram o câncer e compará-las com as células não cancerosas”.

Outro “golpe mortal” sobre os felinos estaria a um passo de acontecer,   e chega pela Universidade de Tóquio, através de um Samurai-cientista, o  japonês Shinya Yamanaka, prêmio Nobel  em 2012. “ Ele descobriu (2006) que células podem ser reprogramadas e que é possível modificar genes de uma célula velha e torná-la novamente jovem (...)”,  acentua  Cordeiro.   Para fortalecer, ainda mais, as previsões,  Cordeiro agrega as projeções do futurista Raymond Kurzweil: “  Ele fala que no ano de 2045, o envelhecimento e a morte se tornarão opcionais, quando a inteligência artificial ultrapassará a inteligência humana”. Assim,  outra data, 2029,  agora bem mais próxima,  entra em cena:  “... alcançaremos a velocidade de escape da longevidade (....) para cada ano que vivermos, ganharemos um ano a mais (...) Mas não é o suficiente. Kurzweil estima que a partir de 2029 passaremos a viver indefinidamente, mas ainda envelhecendo. E em 2045 teremos as tecnologias de rejuvenescimento biológico com a reprogramação celular”.

Bem, “o tiro de misericórdia” ao reinado e à  sobrevida dos felinos tem hora marcada, garante Cordeiro: “O sequenciamento do genoma envolve três bilhões de bases nitrogenadas (...)   A mente humana não consegue ver a diferença (...)  Nosso cérebro é limitado e a inteligência artificial não tem esse problema. Por isso, ela será decisiva para a cura de muitas doenças e tratamentos (...)”.  E é neste ponto que  os ratos saem do buraco e nos olham, assim,   cara a  cara. Afinal, geneticamente, são 90% iguais aos humanos, e sobressaem-se, até aqui,  como importantes e excelentes “cobaias”, embora vivam em média  dois anos e meio.  Entretanto, afirma Cordeiro, entregando-nos, de bandeja,  “O  pulo do Rato”:   “ Agora temos espécimes que vivem cinco anos. Conseguimos duplicar a expectativa de vida dos ratos. E já temos conhecimento suficiente para usar isso experimentalmente com os humanos”. Uffa... pelo visto,  não temos nada a temer. Quem precisará daquelas 7 vidas dos felinos, se são os ratos, agora, que  já nos acenam com a Vida eterna?...

 

 

Fonte:  -   https://istoe.com.br/a-morte-vai-se-tornar-opcional/