Parecer e Resultado
do
PRÊMIO NACIONAL DE
LITERATURA DOS CLUBES
Caros , Segue arquivo com parecer e resultado do Prêmio Nacional de
Literatura dos Clubes 2019.
Números gerais de participação no PRÊMIO NACIONAL
DE LITERATURA DOS CLUBES 2019 – 4ª edição: – 55 clubes participantes de 24 cidades, 69 POESIAS, 61 CRÔNICAS e
90 CONTOS – Total 220 obras.
– Estado de São Paulo:
Poesia: 23 | Crônica: 26 | Conto: 48 (subtotal de 97 obras), divididos entre 26
clubes de 08 cidades. – Outros
Estados: Poesia: 46 | Crônica: 35 | Conto: 42 (subtotal de 123 obras),
divididos entre 27 clubes de 14 cidades. Atenciosamente, Antonio Clementin Sindi Clube Cultural
cultural@sindiclubesp.com.br
Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes 2019
Parecer da Comissão
Julgadora
Disse o poeta Carlos Drummond de Andrade, num lamento de momentâneo
desconsolo com a incapacidade humana de mudar o próprio destino, que “Minas não
há mais”.
Neste Prêmio Nacional
de Literatura dos Clubes 2019, ao contrário, há mais Minas. Foram 18
concorrentes, um aumento considerável da participação de escritores mineiros no
certame. Marca-se, com essa presença, o traço nacional deste prêmio, que
incluiu também os gaúchos e cearenses. Mas é digna de menção a maciça presença
dos clubes paranaenses, que, pela primeira vez, concorrem em grande número, e
deixam os clubes paulistas na segunda colocação no volume de inscrições.
Um sinal claro de investimento evolutivo em atividades voltadas
para a formação de leitores e para a produção literária. Ganha o Sindi Clube, a
Academia Paulista de Letras e a FENACLUBES com mais esta edição do seu prêmio
nacional de literatura. Ganha o Brasil, principalmente, envolvendo cada vez
mais pessoas e entidades nas áreas da educação e da cultura.
Devo mencionar, em nome da Comissão Julgadora, que a
qualidade dos textos apresentados para concorrer à presente edição do Prêmio
Nacional de Literatura dos Clubes 2019 nos levaram a conceder, não três, como
tradicionalmente fazemos, mas quatro menções honrosas nas categorias poesia e
crônica (.....)
Na categoria Crônica,
venceu o Esporte Clube Banespa, de São Paulo, representado por Celso Antonio
Lopes da Silva (Quem me
levará flores?). Trata de epitáfios, o autor, numa curiosa e ácida
pesquisa sobre as desejadas ou indesejadas últimas palavras.
(...) Contemplamos a
literatura. Lançamos mão da teoria, do bom gosto e da experiência no fazer
literário. Chegamos ao que nos pareceu justo e ficamos contentes com o
resultado. Nossos cumprimentos aos que foram escolhidos e nossos votos de
estímulo aos que ainda não conseguiram destaque no Prêmio Nacional de
Literatura dos Clubes. Novas edições virão. Comissão Julgadora
PRÊMIO NACIONAL DE
LITERATURA DOS CLUBES / 2019
Obras vencedoras / poesia, crônica e conto
RESULTADO – AUTOR, OBRA E CLUBE:
P O E S
I A Primeiro lugar | Viviane Hudson Leite | “Doo Órgãos” | Olympico Club
(Belo Horizonte - MG) Segundo lugar | Magnos A. B. Castanheira | “Pela rampa do
delírio” | Clube Esperia (São Paulo - SP) Terceiro lugar | Luiz Carlos de Moura
Azevedo | “Não sei se o museu do Ipiranga ainda guarda” | Sociedade Harmonia de
Tênis (São Paulo - SP) Menção honrosa: 1- Fernando Augusto Yazbek | “Brumadinho
e Israel” | Clube Curitibano (Curitiba – PR) 2- Ivana Maria França de Negri |
“Mulher água” | Clube de Campo de Piracicaba (SP) 3- Vitor Sergio de Almeida |
“Classificados do Jornal Cotidiano” | Praia Clube (Uberlândia - MG) 4- Dalva
Maria Bannitz Baccalá | “A sentença” | Club Athlético Paulistano (São Paulo –
SP)
C R Ô N I C A Primeiro lugar
| Celso Antonio Lopes da Silva | “Quem me levará flores?” | Esporte Clube
Banespa (São Paulo - SP) Segundo lugar | Karin Birckholz | “Colheita” | Clube
Curitibano (Curitiba – PR) Terceiro lugar | Márcio Luiz de Campos Marques |
“Uma das minhas esquisitices” | Círculo Militar de São Paulo (SP) Menção
honrosa: 1- Roberto Pirajá Moritz de Araújo | “Veuve Clichot no Jardim
Botânico” | Clube Curitibano (Curitiba – PR) 2- Sandra Milena Toso Castro
Acosta | “Para que varanda se a vista é feia?” | Clube Curitibano (Curitiba –
PR) 3- José Luiz Dias Campos Junior | “Fancaria literária” | Ipê Clube (São
Paulo - SP) 4- Viviane Namur Campagna | “Livros” | Associação Brasileira a
Hebraica de São Paulo (SP)
C O N T O Primeiro lugar | Maria Helena Figueiredo Vieira |
“Carnaval em Veneza” | Club Athlético Paulistano (São Paulo – SP) Segundo lugar
| Beatriz Buksztejn Castiel Menda | “Círculo vicioso” | Grêmio Náutico União
(Porto Alegre - RS) Terceiro lugar | Eurico Cabral de Oliveira Filho |
“Conversa de Bambus” | Anhembi Tênis Clube (São Paulo - SP) Menção honrosa: 1-
Jucélia Alves Nogueira | “Espelho da Vida - Reflexos da Alma” | Santa Mônica
Clube de Campo (Curitiba - PR) 2- Danielle Martins Cardoso | “Quarenta Semanas”
| Club Athlético Paulistano (São Paulo – SP) 3- Eduardo Von Sperling |
“Mensagem aos jovens garçons” | Minas Tênis Clube (Belo Horizonte - MG)
(...) Contemplamos a
literatura. Lançamos mão da teoria, do bom gosto e da experiência no fazer
literário. Chegamos ao que nos pareceu justo e ficamos contentes com o
resultado. Nossos cumprimentos aos que foram escolhidos e nossos votos de
estímulo aos que ainda não conseguiram destaque no Prêmio Nacional de
Literatura dos Clubes. Novas edições virão.
COMISSÃO JULGADORA: Anna Maria Martins | Academia Paulista de
Letras Mafra Carbonieri | Academia Paulista de Letras Joaquim Maria Botelho |
União Brasileira de Escritores
Leia a crônica do autor
CELSO LOPES
QUEM
ME LEVARÁ FLORES...?
Creio
que os epitáfios famosos ou convincentes, registrados em lápides ou túmulos, estão fadados à morte. Quer dizer – estão com
os dias contados!... Em tempos de WhatsApp, é comum já virmos mensagens com letras garrafais brancas sobre o fundo preto,
informando LUTO ou CONDOLÊNCIAS, com as devidas
explanações particulares da família e, eventualmente, dos amigos.
A prosseguir neste caminho, deixaremos de nos fixar em mensagens que nos
aprazia em visita aos túmulos de personagens que, se não éramos amigos,
conhecíamos de nome. Seja um escritor
como Álvares de Azevedo - “Foi poeta, sonhou e amou na vida.", seja um
anônimo brincalhão com a própria sorte: "Bati as botas!" (epitáfio de um sapateiro), “Acabou-se o que
era doce” ( epitáfio de um Confeiteiro). Não é difícil pesquisar referências a
epitáfios destacados: Para Frank Sinatra, por exemplo, cantor, ator e produtor,
escreveu-se na lápide: “O melhor ainda está por vir”, nome de uma famosa canção sua. De um pistoleiro do Velho Oeste americano,
Robert B. Allison segue uma frase imponente:
“Ele nunca matou um homem que não precisasse ser morto”. E
por aí vai, vejamos o caso de Murphy A. Dreher
Jr., de quem não se pode dizer que não era uma pessoa otimista: “Isto não é tão
ruim, uma vez que você se acostuma”. Do apresentador de TV, músico,
cantor, ator e magnata da mídia americana, Merv Griffin, surge uma frase que acerta o centro
do alvo: “Eu não vou voltar depois desta
mensagem”.
Ainda sobre epitáfios temos
que observar também certas referências registradas em vida, e que, por ventura,
simbolizam o ‘momento final’ de maneira
poética e, por vezes, ainda de forma profunda
como o próprio túmulo. Veja-se, por
exemplo, a música Epitáfio (banda de rock TITÃS), que resgata atitudes ou frases de uma
pessoa que já morreu e gostaria de mudar as coisas, se tivesse a possibilidade
de viver novamente. Eis o texto básico: (...)
“Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer” (...)
Devia ter complicado menos, trabalhado menos, ter visto o sol se pôr (...) Devia
ter me importado menos, com problemas pequenos, ter morrido de amor”.
Nosso
poeta romântico maior, Vinicius de Moraes, já em 1950, não deixou por menos o seu epitáfio em vida. Pode-se dizer que a
frase lapidar do poema “A hora íntima” segue além-túmulo revelando a própria alma do poeta ainda vivo: “Quem pagará o enterro e as flores se eu me
morrer de amores?”...
Mas há, ainda, outros versos questionadores, precisos e preciosos: “Quem, dentre os amigos, tão amigo, para
estar no caixão comigo?”, ou ainda: “Quem virá despetalar pétalas no meu túmulo
de poeta?”, e mesmo: “Quem, oculta em véus escuros, se crucificará nos muros?,
e também: Quem cantará canções de amigo
no dia do meu funeral?
Ainda que
não cheguem às lápides ou túmulos, ganham sobrevida constante os epitáfios dessa
natureza na mão e nos versos dos poetas, pois escrevem ao vivo, em cores e em
vida. A despeito do whatsapp, creio que nos resta, também, seguir os poetas, ainda que
seja como mensagens póstumas, pois, com competência, sempre acertam o alvo. É o que nos acena Ricardo Reis, heterônimo de
Fernando Pessoa num provável epitáfio em seu túmulo, cujas palavras canta a nossa própria vida: “Para
ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe
quanto és no mínimo que fazes. Assim, em cada lago a lua toda brilha, porque
alta vive.
Texto: Celso Lopes - elipse84@terra.com.br