terça-feira, 25 de junho de 2019

Quem me levará flores - SindiClube 2019 - premiação Crônica


                             
Parecer e Resultado do

PRÊMIO NACIONAL DE LITERATURA DOS CLUBES
  
                                   
Caros , Segue  arquivo com parecer e resultado do Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes 2019.

Números gerais de participação no PRÊMIO NACIONAL DE LITERATURA DOS CLUBES 2019 – 4ª edição: – 55 clubes participantes de 24 cidades, 69 POESIAS, 61 CRÔNICAS e 90 CONTOS – Total 220 obras.
 – Estado de São Paulo: Poesia: 23 | Crônica: 26 | Conto: 48 (subtotal de 97 obras), divididos entre 26 clubes de 08 cidades.  – Outros Estados: Poesia: 46 | Crônica: 35 | Conto: 42 (subtotal de 123 obras), divididos entre 27 clubes de 14 cidades. Atenciosamente, Antonio Clementin    Sindi Clube Cultural  cultural@sindiclubesp.com.br     
 Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes 2019 

Parecer da Comissão Julgadora

Disse o poeta Carlos Drummond de Andrade, num lamento de momentâneo desconsolo com a incapacidade humana de mudar o próprio destino, que “Minas não há mais”.
Neste Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes 2019, ao contrário, há mais Minas. Foram 18 concorrentes, um aumento considerável da participação de escritores mineiros no certame. Marca-se, com essa presença, o traço nacional deste prêmio, que incluiu também os gaúchos e cearenses. Mas é digna de menção a maciça presença dos clubes paranaenses, que, pela primeira vez, concorrem em grande número, e deixam os clubes paulistas na segunda colocação no volume de inscrições.
Um sinal claro de investimento evolutivo em atividades voltadas para a formação de leitores e para a produção literária. Ganha o Sindi Clube, a Academia Paulista de Letras e a FENACLUBES com mais esta edição do seu prêmio nacional de literatura. Ganha o Brasil, principalmente, envolvendo cada vez mais pessoas e entidades nas áreas da educação e da cultura.
Devo mencionar, em nome da Comissão Julgadora, que a qualidade dos textos apresentados para concorrer à presente edição do Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes 2019 nos levaram a conceder, não três, como tradicionalmente fazemos, mas quatro menções honrosas nas categorias poesia e crônica  (.....)

Na categoria Crônica, venceu o Esporte Clube Banespa, de São Paulo, representado por Celso Antonio Lopes da Silva (Quem me levará flores?). Trata de epitáfios, o autor, numa curiosa e ácida pesquisa sobre as desejadas ou indesejadas últimas palavras.

(...)   Contemplamos a literatura. Lançamos mão da teoria, do bom gosto e da experiência no fazer literário. Chegamos ao que nos pareceu justo e ficamos contentes com o resultado. Nossos cumprimentos aos que foram escolhidos e nossos votos de estímulo aos que ainda não conseguiram destaque no Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes. Novas edições virão. Comissão Julgadora

PRÊMIO NACIONAL DE LITERATURA DOS CLUBES / 2019
Obras vencedoras / poesia, crônica e conto
RESULTADO – AUTOR, OBRA E CLUBE:

 P O E S I A Primeiro lugar | Viviane Hudson Leite | “Doo Órgãos” | Olympico Club (Belo Horizonte - MG) Segundo lugar | Magnos A. B. Castanheira | “Pela rampa do delírio” | Clube Esperia (São Paulo - SP) Terceiro lugar | Luiz Carlos de Moura Azevedo | “Não sei se o museu do Ipiranga ainda guarda” | Sociedade Harmonia de Tênis (São Paulo - SP) Menção honrosa: 1- Fernando Augusto Yazbek | “Brumadinho e Israel” | Clube Curitibano (Curitiba – PR) 2- Ivana Maria França de Negri | “Mulher água” | Clube de Campo de Piracicaba (SP) 3- Vitor Sergio de Almeida | “Classificados do Jornal Cotidiano” | Praia Clube (Uberlândia - MG) 4- Dalva Maria Bannitz Baccalá | “A sentença” | Club Athlético Paulistano (São Paulo – SP)
 C R Ô N I C A Primeiro lugar | Celso Antonio Lopes da Silva | “Quem me levará flores?” | Esporte Clube Banespa (São Paulo - SP) Segundo lugar | Karin Birckholz | “Colheita” | Clube Curitibano (Curitiba – PR) Terceiro lugar | Márcio Luiz de Campos Marques | “Uma das minhas esquisitices” | Círculo Militar de São Paulo (SP) Menção honrosa: 1- Roberto Pirajá Moritz de Araújo | “Veuve Clichot no Jardim Botânico” | Clube Curitibano (Curitiba – PR) 2- Sandra Milena Toso Castro Acosta | “Para que varanda se a vista é feia?” | Clube Curitibano (Curitiba – PR) 3- José Luiz Dias Campos Junior | “Fancaria literária” | Ipê Clube (São Paulo - SP) 4- Viviane Namur Campagna | “Livros” | Associação Brasileira a Hebraica de São Paulo (SP)
C O N T O Primeiro lugar | Maria Helena Figueiredo Vieira | “Carnaval em Veneza” | Club Athlético Paulistano (São Paulo – SP) Segundo lugar | Beatriz Buksztejn Castiel Menda | “Círculo vicioso” | Grêmio Náutico União (Porto Alegre - RS) Terceiro lugar | Eurico Cabral de Oliveira Filho | “Conversa de Bambus” | Anhembi Tênis Clube (São Paulo - SP) Menção honrosa: 1- Jucélia Alves Nogueira | “Espelho da Vida - Reflexos da Alma” | Santa Mônica Clube de Campo (Curitiba - PR) 2- Danielle Martins Cardoso | “Quarenta Semanas” | Club Athlético Paulistano (São Paulo – SP) 3- Eduardo Von Sperling | “Mensagem aos jovens garçons” | Minas Tênis Clube (Belo Horizonte - MG)

(...)   Contemplamos a literatura. Lançamos mão da teoria, do bom gosto e da experiência no fazer literário. Chegamos ao que nos pareceu justo e ficamos contentes com o resultado. Nossos cumprimentos aos que foram escolhidos e nossos votos de estímulo aos que ainda não conseguiram destaque no Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes. Novas edições virão.
COMISSÃO JULGADORA: Anna Maria Martins | Academia Paulista de Letras Mafra Carbonieri | Academia Paulista de Letras Joaquim Maria Botelho | União Brasileira de Escritores

Leia a crônica do autor  CELSO LOPES



QUEM ME LEVARÁ FLORES...?       


Creio que os epitáfios famosos ou convincentes, registrados em lápides ou túmulos,  estão fadados à morte. Quer dizer – estão com os dias contados!...  Em tempos de WhatsApp,  é comum já virmos mensagens com  letras garrafais brancas sobre o fundo preto, informando LUTO ou CONDOLÊNCIAS, com as devidas explanações particulares da família e, eventualmente,  dos amigos. 
A prosseguir neste caminho, deixaremos de nos fixar em mensagens que nos aprazia em visita aos túmulos de personagens que, se não éramos amigos, conhecíamos de nome.  Seja um escritor como Álvares de Azevedo -  “Foi poeta, sonhou e amou na vida.",  seja um  anônimo brincalhão com a própria sorte:  "Bati as botas!" (epitáfio de um sapateiro), “Acabou-se o que era doce” ( epitáfio de um Confeiteiro).  Não é difícil pesquisar referências a epitáfios destacados: Para Frank Sinatra, por exemplo, cantor, ator e produtor,  escreveu-se na lápide:  “O melhor ainda está por vir”,  nome de uma famosa canção sua.  De um pistoleiro do Velho Oeste americano, Robert B. Allison segue uma frase imponente:  “Ele nunca matou um homem que não precisasse ser morto”E por aí vai, vejamos o caso de   Murphy A. Dreher Jr., de quem não se pode dizer que não era uma pessoa otimista: “Isto não é tão ruim, uma vez que você se acostuma”.  Do apresentador de TV, músico, cantor, ator e magnata da mídia americana,  Merv Griffin, surge uma frase que acerta o centro do alvo: “Eu não vou voltar depois desta mensagem”.

Ainda sobre epitáfios temos que observar também certas referências registradas em vida, e que, por ventura, simbolizam  o ‘momento final’ de maneira poética e, por vezes,  ainda de forma profunda como o próprio túmulo.  Veja-se, por exemplo, a música Epitáfio (banda de rock TITÃS),  que resgata atitudes ou frases  de  uma pessoa que já morreu e gostaria de mudar as coisas, se tivesse a possibilidade de viver novamente. Eis o texto básico: (...)  “Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer” (...) Devia ter complicado menos, trabalhado menos, ter visto o sol se pôr (...) Devia ter me importado menos, com problemas pequenos, ter morrido de amor”.

Nosso poeta romântico maior, Vinicius de Moraes, já em 1950,  não deixou por menos o seu epitáfio em vida. Pode-se dizer que a frase lapidar do poema “A hora íntima” segue além-túmulo  revelando a própria alma do poeta ainda vivo: “Quem pagará o enterro e as flores se eu me morrer de amores?”...
 Mas há, ainda, outros versos questionadores,  precisos e preciosos:  “Quem, dentre os amigos, tão amigo, para estar no caixão comigo?”, ou ainda: “Quem virá despetalar pétalas no meu túmulo de poeta?”, e mesmo: “Quem, oculta em véus escuros, se crucificará nos muros?, e também:  Quem cantará canções de amigo no dia do meu funeral?
Ainda que não cheguem às lápides ou túmulos, ganham sobrevida constante os epitáfios dessa natureza na mão e nos versos dos poetas, pois escrevem ao vivo, em cores e em vida. A despeito do whatsapp, creio que  nos resta, também, seguir os poetas, ainda que seja como mensagens póstumas, pois, com competência, sempre acertam o alvo.  É o que nos acena Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa num provável epitáfio em seu túmulo,  cujas palavras  canta a nossa própria vida:  “Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim, em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive.

Texto:  Celso Lopes    -  elipse84@terra.com.br 


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