Academia de
Letras e Artes de Araguari
(Menção Honrosa)
“MESA COM VINHOS”
Olhar o tampo da mesa é olhar o Tempo....
e
ver nele Jacarandás, Mognos, Cedros,
Carvalhos,
Castanheiras,
Angicos e Jatobás...
Olhar o tampo da mesa é olhar o Tempo...
e
sentir ali, impregnados, a maciez e a exuberância
na
ancestralidade centenária de cada
árvore...
Olhar o tampo da mesa é olhar o Tempo....
e
ver diluído em suas veias, a ebulição das
tintas brancas
de
Airéu, Palomino, Macabeo ou o rojo febril do Tempranillo
Garnacha
e Monastrel...
Olhar o tampo da mesa é olhar o Tempo...
que
nos sonda além-arisco empunhando motosserras...
e
nos ronda primos-cúmplices pela queda
do Jacarandá
de
vida quatrocentona, e que deita e rola
nas clareiras
abertas
das florestas de agora e d’outrora.
Olhar o tampo da mesa é olhar o Tempo...
e
sentir com olhos atentos os
caminhos de uma caça abatida,
a
deslizar, inerte, pelas águas turvas de um sinuoso rio das Toras...
Olhar o tampo da mesa é olhar o Tempo...
e
edificá-lo em formas visíveis de um Patanegra Oro,
Tempranillo,
Sangue de Toro, Toro loco e Albariños da
Galícia...
Martin
Códax, a homenagear os trovadores galegos
d’antanho,
nas
poéticas Cantigas de Amigo...
Olhar o tampo da mesa é olhar o Tempo...
a
rodopiar por entre os convivas, na dimensão da madeira bruta,
a
ser lavrada, esculpida, eternizada em
luta contra as intempéries,
e
torneada à nuances de luzes que alcancem
um outro Universo.
Texto: Celso
Lopes
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