segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

QUEIJINHO - HONRA AO MÉRITO

 


Homenageado pela Câmara Municipal de Guará em 13/dez/2018, José Paulo Telles,  nosso reconhecido “Queijinho”,  recebeu a medalha de honra ao mérito. A comenda é  a mais alta condecoração oferecida pela Câmara Municipal da cidade,  como forma de distinguir  pessoas e entidades que contribuem com o avanço da sociedade.  É o caso do “Queijinho”,  um dos  esportistas guaraenses, e  com grandes experiências e vivências no mundo do futebol.

Pegando “carona” na homenagem mais que oportuna, compartilho com os integrantes da Câmara  e com todos os amigos guaraenses, o texto abaixo, uma pequena crônica, em que faço minha carinhosa homenagem à passagem, hoje, 21/12/20, do amigo de sempre - “Queijinho”. 


 “Assim é se lhe parece...”

 Queijinho jogou bola. Futebol dos bons. Tinha chute forte e corria como ninguém – um fôlego de queniano. Ponta esquerda,  no escanteio  esbanjava a maestria.  Após o chute certeiro, a bola subia por sobre a área, afastada do goleiro, procurando  uma testa livre, disponível e bem preparada pra vazar o gol adversário. E foi assim... a pelota ganhou força em direção à marca do pênalti... e o Queijinho lá parado, com seu estilo, no gesto do chute, alongado, o pé de apoio firme deixando ver claro a força dedicada ao lance.  Ele lá parado,  nós todos  acompanhávamos e  víamos o gesto. Adiantou vir o Juiz? Adiantou os colegas implorarem para que ele voltasse ao gramado?  Os adversários,  ávidos por  buscar a diferença do placar,  também fizeram esforços para que o atleta deixasse daquela firula... e nada!... Queijinho, ali, contemplado por todos como uma estátua... melhor ainda, um Monumento, coisa assim trabalhada  por alguém como um Michelangelo,  o escultor maior  com a própria escultura maior   para homenagear os  melhores, ou seja, aqueles  que se destacam  numa empreitada sem igual.  E Queijinho era o seu nome, o nome do nosso atleta... 

O que não se sabe é se isso aconteceu, realmente,  bem ali,  sob nossas barbas.... eu mesmo, careço dessa confirmação, mas  afirmo, lançando mão da frase sustentável de Pirandello: assim é se lhe parece!...  Queijinho, o atleta de fôlego, gente da  melhor safra  esportiva, com chute de canhão e pontaria no centro do alvo, não poderia ficar sem a homenagem. Ficaria, portanto,  ali no campo, para sempre, transformado por si mesmo naquela  escultura irrepreensível.  O jogo continuaria em poucos minutos,  afinal,  logo alguém se  lembraria   de empurrar a estátua do atleta, digo monumento,   para um dos cantos favoráveis do estádio. Assim,  lá ficou para sempre o Queijinho. Um justo reconhecimento.   No entanto, é preciso ter  olhos para enxergar o Monumento. Olhos da alma.  Dessa forma, olhando bem,  ainda está lá, onde sempre estivera,   como se aquele  monumento  tivesse nascido ali, ali mesmo,  no gramado do nosso campo de futebol da A.A. Guaraense,    ou tivesse existido  por  ali durante uma vida inteira,  sem que a gente se desse conta... O Monumento, bem à frente dos nossos olhos, causando uma admiração reverenciada,  infinita, duradoura, de vida inteira, a quem fosse dado esse privilégio de contemplação.    Passado todo esse tempo, hoje, hoje mesmo,  Queijinho está ali, sentado, tranquilo, por vezes, no bar do Ademir ou em outro boteco qualquer,  onde sempre  leva   as suas memórias para dar um longo passeio... pode se ver nelas, quando se materializam,  as suas dores,  os seus amores, os olhares, os sabores e as agruras todas da sua  longa  caminhada pela  vida...

Dia desses tive vontade de lhe perguntar:  

- Queijinho, me fale da vida, da sua vida, da  vida  vivida? 

Mas me silenciei.  Deixei apenas o pensamento fluir...

Melhor vê-lo assim, ali, como um pai que olha um filho suplicando-lhe o amparo nos momentos difíceis. Pois eu sei que esse rebento da nossa  cidade de Guará,   sempre me teve em conta. E amizade é o que nunca lhe faltava.  Nunca lhe faltou.   Mas, só poucos,  muito poucos – pode-se contar  nos dedos da mão ­-  somente a poucos cabe enxergá-lo  como a Pietà, esculpida por Michelangelo,  em que se transformou....  E a  quem for concedida essa graça, esse dom quase divino de enxergá-lo em toda  a sua  pureza, grandeza  e plenitude,  que  sempre foram as suas marcas registradas... esse, esse vivente  terá a virtude de encontrar o  que nos falta ainda, o que falta a todos nós para  desvendarmos por inteiro, a própria alma dos homens!...

Texto:  Celso Lopes 


OBS:  homenagem ao Queijinho que nos deixou em 21/12/20


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