“O PULO DO RATO”
Não, você não leu errado. Ainda que quem
esteja à frente desse estrelato de habilidades seja o Gato, com as suas 7 vidas ou por vezes até 9, de
acordo com cultura local de países,
neste caso, o felino terá de ceder a vez
e a expertise para o Rato. É
certo que continuamos tratando aqui de
Vida, onde os gatos seriam praticamente imbatíveis, seja pela proeza inimitável
do seu pulo, seja pela imunidade a doenças ou mesmo pela narrativa convincente das “sete vidas”,
entretanto, pasmem, resta-lhes abrir
espaço, pois o que está em jogo não é somente a Vida, porém, a Vida Eterna. Isso mesmo.
A vida eterna, garante o engenheiro formado pelo MIT e futurólogo venezuelano, José Luiz Cordeiro, está com os dias
contados, quer dizer, em contagem regressiva
de uma data ou progressiva para alcançá-la – à escolha de todos nós mortais. Ou seria
melhor dizer – imortais? Apresentando dados que, por vezes, queremos crer que
sejam mesmo verdadeiros, confiáveis, uma vez que respalda suas teorias sobre a
vida eterna em expoentes como o matemático David Wood (autor de A morte da
morte), incluindo o biólogo e cientista David Sinclair, da Universidade de
Harvard, Cordeiro ‘prega e bota fé’ no que chama de interrupção da velhice,
afirmando: “já temos novas tecnologias de reprogramação celular e estamos entre a
última geração humana mortal e a primeira imortal”. Quando perguntado sobre os caminhos dessa viagem sem
volta, saltam à tona, entre outros micro-organismos, as bactérias. “ Sabemos que há células e organismos que
não envelhecem, como, por exemplo, as bactérias. Elas são as primeiras formas
de vida no planeta”.
“Outro
tipo de célula que se descobriu que não envelhece é a do câncer” – acrescenta
enfático: “(...) Esse é o problema do
câncer, ele não envelhece e por isso é preciso matar todas as células
cancerosas porque, se deixar uma sobrevivente, elas voltam a se reproduzir”. No
rol desse esquadrão de “eliminadores do Gato” entram nomes de peso, como por
exemplo, a Microsoft: “ Depois do sequenciamento do genoma humano
conseguimos entender, por exemplo, que o câncer é uma mutação para se manter
jovem”. Cordeiro garante que a cura
virá por aí: “Não foi uma companhia
médica ou farmacêutica que falou isso (cura do câncer), mas a Microsoft, porque
o câncer é um problema computacional, não um problema médico. Podemos encontrar
as mutações que geraram o câncer e compará-las com as células não cancerosas”.
Outro
“golpe mortal” sobre os felinos estaria a um passo de acontecer, e chega pela Universidade de Tóquio através
de um Samurai-cientista, o japonês
Shinya Yamanaka, prêmio Nobel em 2012. “
Ele descobriu (2006) que células podem ser reprogramadas e que é possível
modificar genes de uma célula velha e torná-la novamente jovem (...)”, acentua Cordeiro. Para
fortalecer, ainda mais, as previsões,
Cordeiro agrega as projeções do futurista Raymond Kurzweil: “ Ele
fala que no ano de 2045 o envelhecimento e a morte se tornarão opcionais,
quando a inteligência artificial ultrapassará a inteligência humana”.
Assim, outra data, 2029, agora bem mais próxima, entra em cena: “...
alcançaremos a velocidade de escape da longevidade (....) para cada ano que
vivermos, ganharemos um ano a mais (...) Não é o suficiente. Kurzweil estima
que a partir de 2029 passaremos a viver indefinidamente, mas ainda
envelhecendo. E em 2045 teremos as tecnologias de rejuvenescimento biológico
com a reprogramação celular”.
Bem,
“o tiro de misericórdia” ao reinado e à
sobrevida dos felinos tem hora marcada, garante Cordeiro: O sequenciamento do genoma envolve três
bilhões de bases nitrogenadas (...) A
mente humana não consegue ver a diferença (...)
Nosso cérebro é limitado e a inteligência artificial não tem esse
problema. Por isso, ela será decisiva para a cura de muitas doenças e
tratamentos (...)”. E é neste ponto
que os ratos saem do buraco e nos
olham cara a cara. Afinal, geneticamente, são 90% iguais
aos humanos, e sobressaem-se, até aqui,
como excelentes “cobaias”, embora vivam em média dois anos e meio. Entretanto, afirma Cordeiro, entregando-nos,
de bandeja, “O pulo do Rato”: “
Agora temos espécimes que vivem cinco anos. Conseguimos duplicar a expectativa
de vida dos ratos. E já temos conhecimento suficiente para usar isso
experimentalmente com os humanos”. Pelo
visto, não temos nada a temer. Quem
precisará daquelas 7 vidas dos felinos, se são os ratos, agora, que já nos acenam com a Vida eterna?...
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